sexta-feira, 19 de março de 2010

Até quando?


Mais uma vítima fatal do trânsito de Santa Cruz do Capibaribe. Desta vez foi a Srª Maria José Tavares. Para a família, a dor de uma perda irreparável. Para nós, o receio de que poderemos ser a próxima vítima. A pergunta que vem à mente é: de quem é a responsabilidade por mais esta tragédia?

Para o sapientíssimo vereador-presidente Fernando Aragão, talvez a culpa seja dos condutores imprudentes que não olham direito por onde andam. Para o executivo municipal, a culpa é do governo do estado, uma vez que a PE 160 é assunto de sua responsabilidade. Para os demais políticos, talvez a culpa seja da vítima por não ter prestado mais atenção. E assim passa o tempo, mais pessoas morrem e ninguém faz nada, numa atitude de deixa-como-está-para-ver-como-é-que-fica!

Alguns poderiam dizer: “mas a guarda municipal está sendo treinada para disciplinar o trânsito”. Eu digo: só a guarda não é suficiente para resolver a questão se os políticos e a população não fizerem sua parte. Para que se cobre disciplina no trânsito, primeiro é necessário que a administração (seja do município ou do estado, não interessa) ofereça as condições mínimas de segurança como número maior de lombadas, instalação de semáforos e faixas de pedestres, conservação das vias, fiscalização e punição dos infratores (nada disso é feito). Penso que o maior problema não é falta de recursos, haja vista os milhões gastos todo ano com as festas de rua. É falta de vergonha mesmo! Em segundo lugar, é preciso uma mobilização de toda a sociedade - escolas, igrejas, associações de bairro, empresas, etc - para resolver esta questão que afeta a todos.

Até lá, é cada um por si, infelizmente!

quinta-feira, 4 de março de 2010

BR 104: bônus e ônus da duplicação

É consensual que a duplicação da BR 104 trará grandes benefícios para a nossa cidade e região, como o provavel aumento do número de visitantes para o Moda Center. Entretanto, poucas pessoas param para pensar que, ao lado do bônus, há também certo ônus.

Do lado positivo, a duplicação irá encurtar, em cerca de 50%, o tempo de viagem entre Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru e vice-versa, uma ótima notícia para quem reside aqui e precisa ir àquela cidade para estudar, trabalhar, cuidar da saúde ou vender suas mercadorias na feira da sulanca. Outro benefício será a diminuição no número de acidentes, já que a ultrapassagem de veículos é bem mais segura em vias de mão única. Para quem viaja de carro próprio, o trânsito mais livre tornará a viagem mais barata, haja vista a menor necessidade de uso de marchas de força (primeira e segunda marchas), proporcionando uma queda no consumo de combustível e uma dimunuição no desgaste das peças dos veículos.

Das três principais cidades do pólo de confecções (Sta Cruz, Toritama e Caruaru), Caruaru certamente será a mais beneficiada. Ganhará 5 novos viadutos para desafogar seu trânsito. Além disso, terá seu comércio aquecido com consumidores de Santa Cruz e Toritama que se sentirão mais motivados a irem fazer suas compras nos shoppings e lojas da terra do mestre Vitalino. As faculdades locais também devem sofrer alguma perda. Com a viagem mais rápida e segura, muitos vão preferir estudar em Caruaru, com mais opção de cursos. As universidades públicas (UPE e UFPE) também são um grande atrativo para os futuros estudantes univesitários.

Caruaru também se beneficiará com a valorização imobiliária que a duplicação irá proporcionar. Com apenas meia hora (no caso de Santa Cruz) e vinte minutos (no caso de Toritama) de viagem, algumas pessoas com maior poder econômico vão preferir morar em Caruaru – que conta com melhor infra-estrutura, maior opção de lazer, de cultura e de educação escolar/universitária – e vir para cá apenas para cuidar dos negócios.

terça-feira, 2 de março de 2010

Uma lição de cidadania

O discurso do jovem Fernando na última sessão ordinária na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Capibaribe me alegrou profundamente. Um jovem estudante, morador da periferia esquecida de nossa cidade, dá uma demonstração de civismo e de participação política ativa e extremamente responsável. No alto de sua simplicidade, Fernando representa o grito dos esquecidos, dos anônimos, dos que só têm alguma importância em tempos de eleição.

Assim como na Grécia antiga em que os cidadãos vinham em praça pública argumentar e reivindicar seus direitos, Fernando surge como uma esperança de que nosso município pode amadurecer e mudar politicamente. Seu discurso é um verdadeiro balde de água fria nos políticos em constante estado de hibernação, de sono profundo, de contínua cegueira e inércia. Traduz um ato simbólico, uma mensagem que penetra profundamente em ouvidos surdos para a voz dos anônimos e dos necessitados. Um discurso que deveria entrar para os anais da história de nossa cidade e receber um lugar de honra. Deveria servir de matéria escolar, para ensinar nossas crianças e nossos jovens como reivindicarem seus direitos e serem cidadãos responsáveis por sua rua, seu bairro e sua cidade. Quem sabe assim pudesse surgir mais Fernandos... Nossa cidade certamente não seria a mesma.

Para terminar, parodiando Roberto Carlos eu diria:

“Por isso uma força
Me leva a ‘gritar’
Por isso essa força
Estranha no ar
Por isso é que eu ‘grito’
Não posso parar
Por isso essa voz, essa voz tamanha”
*
Vale a pena conferir o discurso. Veja aqui.