Em seu livro ‘Como as palavras realizam coisas’ o filósofo da linguagem John Austin descreve três noções básicas da teoria dos atos de fala: o ato locucionário, o ato ilocucionário e o efeito perlocucionário. Para ilustrar esses conceitos, pensemos na seguinte situação: um casal, andando pelo shopping, passa por uma vitrine de roupas e a mulher faz o seguinte comentário: ‘amor, olha que vestido bonito’. As palavras proferidas pela mulher seriam seu ato locucionário, é o que disse literalmente através da expressão lingüística utilizada. Porém, sua intenção parece não apenas comentar a beleza da peça de roupa, mas fazer um apelo para que o esposo a compre, portanto, a mensagem do seu ato ilocucionário é ‘compre esse vestido pra mim’. A maneira que o esposo recebe e interpreta a mensagem, sua re-ação ao que foi dito, corresponde ao efeito perlocucionário. Se ele compra o vestido, então o efeito perlocucionário foi compatível com o ato ilocucionário. Se o esposo finge que não entendeu a mensagem e a interpreta como um simples comentário sobre a beleza do vestido, então o ato ilocucionário não chegou ao objetivo desejado. Se, porém, o esposo reclama e diz que o vestido é caro e que não tem dinheiro para fazer a compra, a esposa pode tomar uma atitude defensiva e dizer que sua intenção era apenas comentar o aspecto estético do produto. Em suma, o ato locucionário é aquilo que digo, o ato ilucucionário é o que eu pretendo com aquilo que digo, e o efeito perlocucionário é a reação que provoco no meu interlocutor com o aquilo que falo.
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